PARIS, França – 3 dias Perfeitos

Paris é o sonho de qualquer cineasta. Nenhuma cidade é mais deslumbrante ao sol ou mais misteriosa na chuva – ou, melhor ainda, iluminada à noite. É por isso que é tão familiar para quem já comprou um ingresso de cinema. Veja a Notre Dame do Quai de Montebello e você verá o filme Um Americano em Paris; tome um café no Café des Deux Moulins, em Montmartre, e você está em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Mas Paris sempre foi tanto sobre descoberta quanto déjà vu. Seja o Pigalle reinventado, uma République rejuvenescida ou o distrito Sentier reiniciado, sempre há algo novo para afligir a próxima geração de sonhadores – e para manter os mais velhos sempre voltando.

Dia 1

Uma das coisas que os parisienses gostam de dizer sobre a cidade é que ela é interminável de percorrer. Embora cada um dos 20 distritos da cidade seja conquistável a pé, se você planeja vê-los de uma só vez, é melhor levar um par de sapatos confortável. Antes de tentar (e falhar) tal feito, preciso ser arrastado para longe do meu café da manhã nos arredores resplandecentes do hotel La Réserve, uma grande mansão a uma quadra do Palais de l’Élysée, no 8º arrondissement, que foi construída para o meio-irmão de Napoleão III. Agora, é um hotel e spa de 40 quartos.

Com muita coisa para ver, a melhor opção é começar o dia logo cedo com um walking tour pela vizinhança imediata – o mais central dos arrondissements de Paris e o mais usado como pano de fundo em propagandas. Saindo na Avenue Matignon, pode-se entrar à Rue Saint-Honoré. Lar de postos avançados de algumas das marcas de moda mais luxuosas do mundo, essa rua esbelta ainda tem sua cota de lojas características da região, como a Colette, que “organiza” tudo, desde tênis raros a centenas de tipos de água engarrafada.

Em seguida, parta para o Louvre, onde as atrações imperdíveis são disputadas por um mar de smartphones que tentam incansavelmente ter um melhor ângulo de algumas das mais famosas obras do museu, a Vênus de Milo e a Mona Lisa. O Louvre é um dos museus mais importantes do mundo, tanto pelo seu amplo acervo quanto sua importância cultural para a humanidade. Mesmo que você resolva não entrar no museu, vale a pena passar algumas horas no lado de fora das galerias, observando o belíssimo prédio e tirando fotos na emblemática pirâmide de vidro do Louvre.

O almoço é no Les Chouettes, um restaurante movimentado, cujo interior espaçoso e revestido de ferro é uma mistura de bar de coquetéis dos anos 1920, loft SoHo e Torre Eiffel. O cardápio também é uma obra de arte: meu prato de ovos cozidos com cogumelos e Brie de Meaux – a melhor comfort food.

A próxima parada é em Saint-Paul, um bairro medieval no 4º arrondissement. Verifico Saint-Paul-Saint-Louis, a igreja jesuíta mais conhecida da cidade. A fachada elaborada é linda, mas a maior parte da arte do século XVII foi saqueada durante a Revolução. Lá dentro, duas fileiras de lustres dourados sugerem os dias de glória.

Dirigindo-se para o oeste, passando pelo Hôtel de Ville – uma reconstrução pós-Revolução da prefeitura do século XVI, com sua fachada repleta de estátuas de notáveis ??parisienses, do cardeal Richelieu a Molière – depois, a Pont d’Arcole até a Île de la Cité. Nesta ilha fluvial, fica a catedral mais famosa da cidade. Notre Dame não só é impressionantemente antiga (a construção começou em 1163), como é incrivelmente deslumbrante – uma extravagância gótica de contrafortes voadores, gárgulas sombrias e pináculos eriçados.  Mesmo após o lastimável incêndio, vale a pena passar por ali e admirar por alguns minutos a gigante catedral.

Aproveitando a estada nos arredores, vale a pena dar uma passada na Sainte Chapelle e se permitir ficar por alguns minutos contemplando os esplêndidos vitrais da igreja de mais de 700 anos de idade. Ainda na mesma região, o Palais de Justice de Paris é mais um marco histórico da cidade que deve ser visitado. Seus imponentes portões dourados guardam a residência e sede da monarquia francesa por mais de 400 anos para posteriormente ser usado como tribunal durante a Revolução Francesa e sofrer um incêndio anos depois. Felizmente para nós, ele foi reformado e restaurado a sua glória original.

E uma ótima pedida para observar o por do sol parisiense é caminhar até a Square du Vert-Galant com uma taça de vinho em punho.

Para o jantar, a recomendação é fazer uma reserva no bistrô do triplamente estrelado Pavyllon do super chef Yannick Alléno. Seu menu degustação é extremamente elogiado.

Por fim, para encerrar o primeiro dia em Paris com uma noite tipicamente parisiense, é o momento de conhecer Pigalle, o famoso distrito da luz vermelha às margens de Montmartre. O Moulin Rouge, imortalizado por Toulouse-Lautrec, parece pertencer a Las Vegas, e as novas boutiques e bares da região são carregados de ironia em seus nomes sugestivos.

Mais uma vez, fazendo jus ao seu status de cidade cinematográfica, é possível se sentir no musical Moulin Rouge de Baz Luhrmann e é impossível não se sentir contagiado pela brilhante atmosfera parisiense.

Dia 2

Para que o segundo dia comece tão bem quanto o primeiro, a sugestão é que o ponto de partida seja o bairro de Le Marais, onde fica o coração da cidade, localizado entre o Museu Pompidou e a Praça da Bastilha.

O bairro que já abrigou a aristocracia parisiense hoje é um bairro agitado, de ruas estreitas, perfeito para ser conhecido a pé. O ponto de partida deve ser a Place des Voges, construída em 1612 a mando do então rei Henrique IV, consideradas uma das praças mais bonitas da cidade. É cercada de monumentos históricos e é onde está localizada a casa do escritor Victor Hugo, hoje um museu onde é exibido manuscritos e pinturas, além de obras de outros artistas em homenagem a ele.

Uma outra característica do bairro é a influência judaica, principalmente na Rue des Rosiers onde existem lojas e restaurantes que tem como especialidade a gastronomia judaica. Ainda sobre esse tema, no final da Rue des Écouffes está localizado o l’As du Falafel, o melhor falafel de Paris. Ainda na região, está localizado o Mémorial de la Shoah, inaugurado em 2005 como um museu em memória dos judeus assassinados durante o Holocausto.

Ao andar no bairro indo no sentido da Île de la Cité você chegará ao Hôtel de Ville, um edifício neo renascentista que abriga a prefeitura de Paris desde 1357 e que foi totalmente reconstruído após um incêndio em 1871.

Após passar um tempo no bairro, talvez você queira um pouco de contato com a natureza  e felizmente não muito longe dali o Jardin des Tuileries estará a sua espera. Projetado pelo famoso urbanista André le Notre, o jardim é considerado o mais bonito da capital francesa.

Antes de partir para a Praça da Concórdia, é hora do almoço. A alguns metros do Jardim está o Le Roch, um restaurante moderno instalado no interior de hotel de mesmo nome. Constando no Guia Michelin como uma recomendação para quem busca gastronomia contemporânea em Paris, esse é uma excelente opção.

Após a refeição, é momento de partir para a Praça da Concórdia, a maior praça de Paris e palco de diversos acontecimentos históricos, ganhando maior importância após a Revolução Francesa. Dali já é possível ter um vislumbre do Arco do Triunfo do outro lado da Avenida Champs-Élysées e a caminhada por essa famosa avenida é um must-do para todos que visitam Paris.

Ao longo da avenida, o visitante consegue entender um pouco mais sobre a cultura parisiense. Existem inúmeras opções de cinemas, galerias como a Grand Palais, dezenas de lojas de marcas luxuosas, inúmeros restaurantes célebres e se você estiver passando por ela no primeiro domingo de um mês, vai ter a oportunidade de andar no meio da avenida pois nessa data ela está fechada para a circulação de carros.

Depois de caminhar por uma das mais famosas avenidas do mundo, você finalmente chegará ao Arco do Triunfo. O monumento foi construído no século XIX por Napoleão para celebrar as vitórias das tropas francesas. Com 50 metros de altura, o seu terraço oferece uma das vistas mais belas de Paris e apesar da necessidade de subir 284 degraus, vale muito a pena ter essa experiência.

Depois de esticar as pernas, é o momento de conhecer um dos pontos turísticos mais famosos do mundo: a Torre Eiffel. A construção de 324 metros de altura foi construída 1889 para a Exposição Universal e se tornou motivo de controvérsia por muitos franceses que queriam desmontar a torre. Com a chegada de ambas as guerras mundiais, a Torre mostrou utilidade como antena de radiodifusão e com o tempo se tornou uma atração turística e um símbolo para toda a França.

Para otimizar tempo, sugerimos que você compre seus tickets antes de fazer a visitação e se você quiser ter uma experiência ainda mais única, vale a pena programar a sua visita para o por do sol. Estar no topo da Torre servido de uma taça de champagne que é oferecida no bar do terceiro andar tendo como paisagem uma das cidades mais bonitas do mundo ao crepúsculo é uma experiência memorável.

Para encerrar a noite de forma ainda mais espetacular, a indicação de jantar é os bateaux-mouches, um cruzeiro pelo Rio Sena em uma embarcação envidraçada que permite que o passageiro tenha uma visão panorâmica da cidade durante a noite. Sem dúvida um dos pontos altos é passar pela Torre Eiffel e vê-la toda iluminada sob uma outra perspectiva, acompanhado de uma ótima refeição com músicos tocando ao fundo. É o encerramento perfeito para o segundo dia na cidade.

 

Dia 3

Para iniciar o último dia na cidade, é hora de se distanciar um pouco do centro e visitar um símbolo da França: o Palácio de Versailles.

O Palácio, construído durante o governo de Luís XIV e foi moradia da monarquia francesa por mais de 100 anos até a Revolução Francesa, quando a realeza se transferiu para Paris. A área de 8,3km² já chegou a abrigar cerca de 6 mil membros da corte e é um exemplo dos exageros e do luxo exorbitante da monarquia francesa, o que é perceptível dentro (em cômodos como o Salão dos Espelhos) e fora (os jardins e as propriedades de Maria Antonieta) do palácio.

É um passeio que pode durar o dia inteiro, principalmente se você quiser visitar mais partes da propriedade como os domínios de Maria Antonieta, o Le Petit de La Reine, que segundo diz a lenda nem o próprio marido, o rei Luís XVI tinha autorização para entrar sem a autorização da rainha. Foi o experimento pessoal da rainha para colocar suas ideias de jardinagem e arquitetura em prática em um espaço só dela, onde pudesse estar entre seus entes queridos sem o ambiente opressor que o palácio proporcionava.

Porém, se você prefere voltar para Paris e ter uma última tarde mágica na Cidade Luz, você pode voltar para a capital após um almoço dentro do palácio. A Maison Angelina é conhecida principalmente pela pâtisserie, porém o almoço também não deixa a desejar. Os pratos são clássicos da culinária francesa, uma excelente experiência imersiva para quem já imaginou como seria fazer uma refeição no interior de um castelo.

De volta a Paris, é o momento de conhecer um dos bairros mais charmosos da capital francesa: Montmartre.

Se você deseja contar para os amigos que foi a Paris e comprou uma obra de arte, esse é o local. Ainda fazendo o paralelo com um set cinematográfico, esse bairro não só seria o cenário perfeito para um filme de romance como já foi. O Fabuloso Destino de Amelie Poulain foi filmado em Montmartre e levou para outras partes do mundo os encantos desse bairro. O que faz desse bairro em especial parte importante de Paris são os diversos artistas de rua que pintam um quadro enquanto os turistas passam ou fazem uma caricatura de qualquer um disposto a ter um retrato seu feito por um artista parisiense.

Além do que já foi mencionado anteriormente, um outro destaque do bairro é a Basílica de Sacré-Couer, localizada no ponto mais alta da cidade, construída em mármore travertino, o que faz com que um ponto branco seja visto em quase todos os pontos de Paris.

No seu interior, a ambientação faz jus às suas diretrizes romanas e bizantinas e isso é perceptível através das colunas, abóbadas e painéis que claramente fazem referência a obras sacras bizantinas encontradas em diversos outros locais do mundo.

Embora esses sejam os dois principais pontos de Montmartre, o bairro tem muito mais a oferecer. Se você se permitir andar pelas ruelas, você pode encontrar pequenos cafés, lojas e bares que são muito típicos desse bairro. Ainda vale a pena caminhar até a Place Abesses e ficar por alguns momentos no ambiente bucólico do Le Mur des Je t’Aime, onde encontra-se um mural onde a frase “eu te amo” está escrita em mais de 300 idiomas.

Você também pode passar a tarde e a noite toda no bairro, mas se você planejar a sua viagem com antecedência pode ainda ter uma última experiência tipicamente francesa: ir a um espetáculo na Ópera Garnier.

O edifício meio barroco, meio renascentista é certamente um dos mais belos de Paris e vale a visita e a experiência de assistir qualquer coisa que esteja em cartaz. É certamente o ato final da experiência quase cinematográfica que Paris proporciona a todos que a visitam.