AVEIRO & OVAR, Portugal – 3 dias perfeitos

Situada no centro-norte de Portugal, a meio caminho entre as cidades de Porto e Coimbra (são aproximadamente 50 minutos de carro entre Aveiro e as cidades de Porto e Coimbra), ao visitar Aveiro descobrimos uma paisagem marcada pela água. Junto à Ria de Aveiro, canal marítimo navegável que recorta o continente, a cidade conhecida como a Veneza de Portugal é atravessada por uma rede de canais por onde passeiam barcos moliceiros. Estas embarcações, esguias e coloridas, serviam para recolher algas e sargaço, e hoje em dia são usadas em passeios turísticos. Fazer a visita a pé também não implica demasiado esforço já que a cidade é plana, e quem gosta de pedalar pode optar pelas ”bugas”, bicicletas de utilização gratuita disponibilizadas pela cidade.

Agradecemos a nossa querida viajante e “super explorer” Bella Rajnowicz Berland pela sua sugestão e contribuição para este texto.

Dia 1 – Aveiro

Recomendamos iniciar a visita em Aveiro navegando em seus canais por um moliceiro, para rapidamente ambientar-se com a cidade, sua história, arquitetura e cultura.

Os passeios passam pelos principais pontos turísticos da cidade, desde as marinhas e os palheiros de sal até aos armazéns de peixes e edifícios históricos, estilo Art Nouveau. A duração do passeio varia entre 45 minutos e 1 hora, percorrendo os quatro principais canais da cidade: Canal Central, Canal do Côjo, Canal das Pirâmides e Canal de São Roque.

Em seguida, vá ao Museu de Aveiro, que fica bem no centro da cidade, no antigo Convento de Jesus, aonde está sepultada a Princesa Santa Joana, filha do rei D. Afonso V, num túmulo todo trabalhado. Este museu traz coleções de pintura, escultura, talha, azulejaria, ourivesaria, mobiliário e paramentaria, em sua maioria provenientes do Convento de Jesus e outros conventos extintos de Portugal, documentando épocas diversas, desde o século XV ao século XX, com maior relevância para o período barroco.

Na sequência, Imperdível o convite para iniciar um percurso pela cidade passando por edifícios históricos, estilo Art Nouveau, destacando a visita no Museu Art Nouveau de Aveiro.

Caracterizada por formas orgânicas encontradas na natureza, o Art Nouveau começou em Paris e se espalhou rapidamente por toda a Europa, com cada país incorporando o estilo em sua arquitetura tradicional. Em Portugal, o Art Nouveau encontrou uma casa em grande parte em Lisboa, Porto e Aveiro. E é em Aveiro que o museu de Art Nouveau celebra o design, sendo uma das paradas mais cool do cenário cultural de Portugal. O museu reside na Casa Major Pessoa, um dos edifícios mais admirados arquitetonicamente da cidade, cujo projeto de construção é atribuído aos arquitetos Silvia Rocha e Ernest Korrodi. No exterior, detalhes extraordinários do Art Nouveau são evidentes na fachada de pedra, bem como nos enfeites de ferro forjado e uma nobre águia acima do edifício.

Na sequência, vale a pena passar pela antiga estação ferroviária de Aveiro. A fachada é forrada em painéis de azulejos nos quais estão representados a história, paisagens e tradições da região.

Fazendo uma pausa, o Armazém da Alfândega, apesar de ser um local simples, é muito bom para um almoço. Fica bem no centro da cidade, perto de diversos pontos turísticos e apresenta diversos pratos com os sabores tradicionais da região. Oferece também opções de pratos com carnes, peixes e vegetarianos todos os dias, com preços fechados, que incluem também bebida e café.

Após o almoço, iremos conhecer as tradicionais salinas de Aveiro (não deixe de agendar com antecedência o horário das 15hs, pois há somente dois horários de visitas: 11hs e 15hs). Nesta visita, você irá conhecer como “nasce” o sal de Aveiro, obtido através do método milenar ainda hoje presente nas marinhas de sal ativas.

Se a sua visita coincidir o período entre 15/07 e 15/09, também é possível utilizar o 1º spa salínico de Portugal, com direito a banho de lama com funções benéficas para a pele e flutuações que lembram um pouco a experiência de se visitar o Mar Morto em Israel.

Retornando a cidade, sugerimos caminhar pelo centro da cidade, em especial nos arredores da Praça General Humberto Delgado, também conhecida como Ponte Praça, ou Pontes.

Durante o passeio de final de tarde, não deixe de provar os Ovos Moles de Aveiro, que são feitos a base de ovos e açúcar, especialidade culinária da região, herdado das tradições dos conventos femininos aveirenses.

Para o jantar, não deixe de reservar o ótimo restaurante Salpoente, localizado em dois antigos armazéns aonde se guardava o sal recém tirado das salinas. Ele tem ambiente agradável, com paredes decoradas com diversas peças de arte. O cardápio possui diversos tipos de peixes, mas o destaque vai para os pratos de bacalhau, como o imperdível Bacalhau Contemporâneo.

Dia 2 – Praias

Este dia será dedicado para conhecer e desfrutar as belas praias da região, no caminho entre Aveiro e Ovar. Importante ressaltar que o roteiro deste dia é particularmente recomendado em dias bonitos e calorosos, especialmente durante o verão europeu.

Comece por Ílhavo, município adjacente a Aveiro que fica no litoral Atlântico, conhecido pelas Praia da Barra e Praia da Costa Nova.

Lá você vai se encantar fotografando as antigas casinhas listradas feitas de madeira.

Além disso, Ílhavo é o local aonde começou a tradição da porcelana Vista Alegre, no século XIX. Vale a pena visitar a conceituada fábrica de porcelanas e aproveitar para comprar seus souvenirs de Portugal, aproveitando os preços das peças únicas de fábrica.

Para o almoço, recomendamos o Bronze Seafood & Lounge Bar, na praia da Costa Nova, em Ílhavo, que é considerado um dos 10 melhores restaurantes de praia da Europa. Destaca-se pelo peixe fresco, ceviches e mariscos da costa, que são servidos a preços bastante razoáveis. A arquitetura do local, mesclando madeira e vidro, tem seu charme com uma vista muito especial.

Após o almoço, conheceremos algumas praias mais ao norte, a caminho de Ovar, como Furadouro, Cortegaça e Esmoriz. Como referência, o trajeto entre Ílhavo e estas praias dura ao redor de 40 minutos em carro.

Praia do Furadouro:

Conhecida como praia de pescadores ou de surfistas, o extenso areal da Praia do Furadouro é banhado por uma forte ondulação atlântica. Rodeada por um pinhal denso, esta praia fica a cerca de 3 km de Ovar, distância que se pode percorrer em bicicleta através da ciclovia. Para lá da área florestal, encontra-se a Ria, cujas águas tranquilas são utilizadas pelos praticantes de windsurf.

Praia da Cortegaça:

Rodeada por dunas e pinhal, como é característico nas praias desta região, a Praia da Cortegaça possui um vasto areal com boas infraestruturas de apoio e um Parque de Campismo. Banhada pelo mar de ondulação muito forte, com boas condições para a prática de surf, esta praia possui tradições piscatórias muito antigas.

Ao passar por Cortegaça, vale pegar o carro e ir rapidamente conhecer a imponente Igreja Matriz de Cortegaça, totalmente revestida de azulejos na sua fachada, os quais representam a vida de diversos Santos.

Praia do Esmoriz:

Tradicional povoação piscatória, a Praia de Esmoriz conserva alguns palheiros, típicas casas de madeira construídas no séc. XIX como segunda habitação daqueles que, tendo como principal atividade a agricultura, dedicavam o pouco tempo que lhes sobrava à pesca. A maior parte foi convertida em casas de férias, mas a faina piscatória ainda está bem presente na parte norte da Praia de Esmoriz.

A zona mais procurada pelos banhistas, onde se situam todas as infraestruturas de apoio, está localizada a sul e é designada por Barrinha. É também a melhor área para a prática de surf e bodyboard. Quanto a banhos de mar é necessário tomar cuidado e não sair das áreas vigiadas, pois o mar é bravo.

Outras opções de praia, para os que preferem praias desertas com muita paz e sossego junto ao mar, são a Praia dos Marreta e a Praia de São Pedro de Maceda. A Vila do Surf, como o próprio nome diz, é a praia dos surfistas, que possui ondas de todos os níveis para quem curte o esporte relaxar e se divertir.

Após visitar Esmoriz, uma ótima opção para o final da tarde é conhecer a Tanoaria Josafer, que está aberta até as 18hs e que certamente irá agradar os entusiastas de vinhos. O local é resultado do empreendedorismo de 3 gerações de tanoeiros. Lá você vai conhecer as barricas, pipas e tonéis feitos de madeira aonde o vinho repousa por anos e ganha sabor.

Chegando em Ovar após um dia de visita a praias e caminhadas, recomendamos jantar no Restaurante Oxala, considerado o melhor restaurante de peixes e frutos do mar da cidade. O restaurante possui dois andares, sendo que no andar de baixo se inicia a experiência comendo algumas entradas tradicionais portuguesas, enquanto se aguarda a mesa, e posteriormente ao subir no segundo andar desfrute de uma incrível refeição a base de peixes. A seleção de vinhos também é incrível.

Dia 3 – Ovar

Ovar é conhecida como a cidade dos azulejos. É um museu sem portas, paredes ou telhados. É um museu ao ar livre construído por fachadas azulejares de muitas casas revestidas com pedacinhos de cerâmica de várias cores e padrões. As ruas do centro histórico de ovar possuem um conjunto de casas e prédios fora do comum. Revestidos de azulejos coloridos dos séculos XIX e XX são um verdadeiro museu vivo de azulejos, com mais de 800 edificações típicas de azulejo identificadas e devidamente catalogadas.

Iniciando o dia em Ovar, não deixe de aproveitar um tempo de manhã para caminhar pelo centro da cidade e observar as fachadas de diferentes edificações com seus lindos azulejos.

Inclusive Ovar tem a Rua do Azulejo, uma faixa de azulejos patrocinada pela municipalidade que passa por alguns dos principais pontos de seu centro histórico, muito lindo para se caminhar.

Durante a caminhada, não deixe de provar a especialidade de Ovar, o Pão de Ló de Ovar da Cruz, mais parecido com um bolo com interior cremoso. Ele tem o formato de uma broa e a sua massa é leve e fofa. Em 2016, a Comissão Europeia atribuiu-lhe a Indicação Geográfica Protegida (IGP).

Após a caminhada, vá conhecer a Escola de Artes e Ofícios, que é onde se preserva a memória da arte de azulejos, através de jogos, brincadeiras, palestras e workshop de pintura de azulejos.

Em seguida, conheça o Mercado Principal de Ovar, localizado bem no coração da cidade, cuja construção nos faz lembrar do Brasil porque foi inspirado nas obras do arquiteto Oscar Niemeyer.

Para o almoço, recomendamos o Restaurante Toca. É um espaço acolhedor e muito bem localizado, com grande variedade de petiscos. Lá, se você estiver com saudades do Brasil, o local vende brigadeiros e com sorte até beijinhos poderá saborear.

Após o almoço recomendamos aproveitar um pouco da natureza e área verde da cidade. Ovar possui 40 km e 13 percursos de ciclovias que ligam o centro da cidade a praias, dunas sempre com a natureza como companheira. Os percursos das ciclovias são quase sempre planos e as bicicletas são cortesias da Câmara Municipal.

O Parque Urbano de Ovar é muito bonito, um espaço de convívio com muito verde, que segue a linha dos parques com tradição romântica e naturalista. São mais de 7 hectares, formados por relvas, árvores, pontes e travessias ao longo da margem do rio Cáster.

Outro parque muito legal, imperdível para quem viajar com crianças, é o Parque Ambiental do Buçaquinho, que possui seis lagos, jardins, animais, parque infantil, café, bar com esplanada e bicicletas à disposição.

Ao final da tarde, sugerimos uma passada para conhecer a Igreja Matriz de Válega, que é uma das mais impressionantes de Portugal, pois tanto a fachada como seu interior são revestidos de azulejos de diversas cores. Ela fica ao redor de 15 minutos de carro do centro de Ovar, em direção sul.

Para o jantar, recomendamos o restaurante Pote, de especialidade Portuguesa, com destaque ao Bacalhau. A comida é tradicional e deliciosa, em ambiente acolhedor. Também possui uma ótima carta de vinhos.